sábado, 24 de março de 2007

ECONOMIA APÍCOLA


Atualmente, a racionalização e padronização de manejos e materiais nas colméias são ferramentas fundamentais de diminuição de custos produtivos e maximização da produtividade no campo. A padronização de colméias é peça importante neste contexto, principalmente em se tratando de manter características originais do material e valor comercial compatível. Um dos pontos que mais chama a atenção em se tratando de padronização de colméias diz respeito à espessura dos quadros das sobre caixas para depósito de mel. É fato que, favos mais grossos produzem mais mel que favos mais finos, e que por causa disto o setor industrial vem a algum tempo produzindo para as sobre caixas, carcaças com oito quadros apenas, permitindo a produção de 40% a mais de mel, com a diminuição de dois quadros e conseqüente alteração na espessura dos oito quadros restantes, deixando-os mais largos. Melgueiras baixas que normalmente produzem 10Kg de mel por carcaça com dez quadros, passam a produzir até 14Kg de mel com a utilização de apenas oito quadros, com favos mais largos e células mais profundas. Estes oito quadros, entretanto, são modificados não respeitando as medidas originais Langstroth, de padrão internacional, portanto depreciando significativamente o valor comercial deste material. Além disso, o uso de quadros mais largos nas sobre caixas inviabiliza qualquer manejo relacionado à descida destes favos para o ninho, e subida de quadros do ninho para as sobre caixas (no caso de usar-se ninhos e sobre ninhos). No uso de melgueiras baixas, estas modificações da espessura dos quadros tornam impossível o uso de nove, ou dez quadros nestas carcaças. A primeira solução tentada foi à utilização de dez quadros normais nas sobre caixas e a partir do momento da puxada da cera pelas abelhas, eram retirados dois quadros, administrava-se o espaço proporcional entre os oito quadros restantes na respectiva carcaça para que as abelhas continuassem a alargar os favos. Esta técnica funciona até o momento de transportar os favos de mel para a centrifugação, pois como os favos de cera ultrapassam os limites das molduras de madeira, parte do mel é perdida na carroceria do veículo pelo contato entre os opérculos de favos próximos. Além disso, repartir manualmente e a olho o espaço entre os oito quadros restantes dentro de uma carcaça de sobre caixa é tarefa demorada.
No XXIII Encontro Catarinense de Apicultores, no município de Ituporanga em agosto de 2003, o presidente da Confederação Brasileira de Apicultura Dr. Joail de Abreu, explicou-me como este problema foi resolvido na apicultura dos Estados Unidos. Os quadros das sobre caixas conservam suas medidas originais, e após as abelhas terem dado o início da puxada da cera nos dez quadros, são retirados dois quadros e colocados espaçadores metálicos para separar automaticamente os oito quadros restantes, sendo que os espaços ficam perfeitamente divididos. Desta forma, os favos são alargados horizontalmente, permitindo maior área de armazenamento de mel.
A diminuição de dois favos por cada carcaça de sobre caixa faz com que a cada conjunto de quatro sobre caixas, seja montada uma quinta sobre caixa de oito quadros. A economia relacionada à cera, mão de obra para preparar o material e mão de obra na colheita, desoperculação e centrifugação, e o incremento na produtividade justificam plenamente o investimento nos espaçadores automáticos de quadros.
Além disso, o uso de favos mais largos nas sobre caixas acima da câmara de cria, diminui as chances da rainha subir a esses favos e realizar postura. Pelo fato dos quadros permanecerem fixados dentro de um espaço delimitado, não há chance dos favos com mel se esbarrarem durante o transporte para o processamento, mantendo assim, sua integridade.
Os espaçadores podem ser adquiridos na associação de apicultores de Fraiburgo.

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