sábado, 24 de março de 2007

BRACATINGA: A PLANTA MULTIUSO

James Arruda Salomé. Perito Apícola. MSc.


DESCRIÇÃO BOTÂNICA:

Mimosa scabrella Bentham ( bracatinga ) é árvore perenifólia, normalmente com 10 a 18m de altura e 20 a 30 cm de DAP, podendo atingir até 29 m de altura e 50 cm ou raramente mais de DAP. Seu tronco é alto e esbelto, em maciços ou curto e ramificado, quando isolada; fuste com até 15 m de comprimento, possuindo ramificação dicotômica e irregular, cimosa e densa; copa alta arredondada, paucifoliada, estratificada. O diâmetro da copa varia de 1,5 m em povoamento até 10 m em árvores isoladas. Sua casca possui espessura de até 20 mm. A casca externa é marrom – acastanhada quando jovem, passando a castanha – acinzentada com o crescimento, áspera, verrucosa, separação em fendas com orientação longitudinal. As folhas são compostas, bipinadas, paripinadas, alternas, com até sete pares de folíolos oblongo – lineares (Carvalho, 1994).
A bracatinga, como a maioria das Mimosoideae, possui flores reunidas em inflorescências do tipo capítulo globoso. Estes capítulos, geralmente em número de três, inserem-se nas axilas das folhas e em diferentes estádios de desenvolvimento. As flores são diminutas, medem cerca de dois mm. Do pedúnculo ao bordo da corola que, na espécie é actinomorfa, gamopétala, tetrâmera e tem coloração verde. Os estames de oito mm de comprimento são livres, quatro por flor, amarelos, unidos na base em um pequeno tubo de dois mm de altura e alternados, sempre, com estaminóides lanciformes. A antera é branca – amareladas quando íntegras, escurecendo após a deiscência, que é lateral (Captarem et al., 1982). Num mesmo capítulo há dois tipos de flores, as hermafroditas e as masculinas, presentes em número variável por capítulo ( 40 a 70 aproximadamente ) como na porcentagem de hermafroditas e masculinas, com predominância das primeiras. O exame dos dois tipos de flores revelou a presença de glândula nectarífera interna à corola e ao tubo estaminífero. O néctar coletado mostrou-se de odor agradável. Em análise de campo, há uma possível existência de protoginia, já que os pistilos são lançados dois dias antes da liberação de pólen. Como não foi possível a detecção da receptividade do estigma por observação de modificações morfológicas do mesmo, não se pode comprovar a existência de dicogamia (Catharino op. cit.).
A floração da bracatinga ocorre no inverno, desde julho até setembro e em menor intensidade até janeiro; frutifica de dezembro até março (Reitz et al. ,1978). A dispersão das sementes é autocórica; semente encontrada no banco de sementes do solo (Carvalho, op. cit.). Estudos sobre o banco de sementes no solo, demonstram que pode haver conservação de sementes viáveis até uma profundidade de oito cm. Bastam pequenas trocas de temperatura do solo para provocar a interrupção da latência, dando lugar a uma rápida aparição de plantas. Este fenômeno explica a existência de massas naturais quase puras e muito densas de bracatinga no sul do Brasil (Carneiro et al., 1982).





ÁREA DE OCORRÊNCIA NATURAL E ESPÉCIES ASSOCIADAS:

A bracatinga tem ocorrência natural nas latitudes 21° 30’ S (Coronel Pacheco – MG) a 29° 40’ (RS) (Carvalho, 1994). Segundo Rotta & Oliveira (1981), sua área mais expressiva e contínua de ocorrência natural situa-se entre as latitudes 23° 50’ e 29° 40’ S e longitude de 48° 50’ W até 53° 50’ W, atingindo principalmente os Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. De acordo com a classificação climática de Köeppen, que é baseada na ação conjunta de temperatura e precipitação e que segundo este principio, a região de ocorrência natural da bracatinga está representada principalmente pelo clima tipo Cfb (mesotérmico, úmido, com verão fresco).
A bracatinga ocorre preferencialmente em altitudes entre 500 e 1.500m, tendo porem sido verificado sua ocorrência em municípios com altitudes inferiores tais como: Mafra (SC) com 383m, Rio do Sul (SC) com 354m, e Brusque (SC) com 46m.
Reitz et al. (1978), constatou que a bracatinga no Estado de Santa Catarina encontra-se vastamente dispersa pelas submatas dos pinhais em todo o planalto catarinense, desde o extremo norte ao sul e desde a borda oriental do planalto até Xanxerê e Chapecó, no extremo oeste. Não ocorre na mata latifoliada da Bacia do Uruguai. Com dispersão descontínua e elemento bastante raro, é encontrada nos diferentes núcleos de pinhais existentes na “zona da mata pluvial da encosta atlântica”.
Como espécie heliófita é pouco exigente quanto às condições físicas dos solos; ocorre principalmente nas matas secundárias onde por vezes forma agrupamentos densos e quase puros, caracterizando visivelmente a vegetação onde ocorre. Como espécie pioneira, torna-se particularmente abundante nas matas semidevastadas, onde juntamente com o vassourão-branco (Piptocarpha angustifolia), o vassourão-preto (Vernonia discolor) e a canela – guaica (Ocotea puberula), muito contribuiu para ocupar as clareiras abertas pela exploração da araucária e outras árvores nativas. É espécie pouco exigente em condições edáficas, desenvolvendo-se principalmente na subsérie, desde os primeiros estágios das capoeirinhas até os capoeirões plenamente desenvolvidos (Klein, 1981).

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA:

A bracatinga é considerada uma das espécies de crescimento inicial mais rápido no sul do Brasil. Alguns povoamentos implantados por mudas alcançaram produtividade de até 36 m³ / ha. ano com casca sob regeneração artificial, como em Concórdia-SC, aos quatro anos de idade, no espaçamento de 3 m x 2 m. Porem, quando a sua implantação se deu por regeneração natural proveniente de queima, sua produção volumétrica variou de 8,3 a 25,1 m³/ ha. ano aos seis anos (Ahrens, 1981). Além desta constatação, a bracatinga é altamente potencial para utilizações energéticas (carvão e lenha), por possuir madeira com elevada densidade básica, elevados teores de lignina e carbono fixo. O carvão produzido pela madeira desta espécie é de alto rendimento e elevado teor de carbono fixo, apresentando apenas a limitação de possuir alto teor de cinzas (Junior, 1981). De acordo com Silva (1982), a bracatinga produz lenha e carvão de ótima qualidade. O poder calorífico da madeira é de 4.569 a 4.830 Kcal/Kg; teor de lignina de 25,8 a 28%; carvão com rendimento de 32,6 a 35%; carbono fixo de 83,2 a 84,9; poder calórico do carvão de 7.239 a 7.554 Kcal/Kg.
A madeira desta espécie é usada em vigamentos, escoras em construção civil, partes não aparentes de móveis, caixotaria, embalagens leves, compensados, laminados, aglomerados e pequenas peças torneadas (Carvalho, 1994). Alem disto suas fibras são curtas (0,84 a 1,17 mm), prestando-se como fonte alternativa de fibras curtas para a produção de celulose e papel de escrita e impressão que não requerem alta resistência física (Barrichello, 1982).
A bracatinga é empregada há anos, por grandes empresas, na revegetação de terrenos profundamente alterados, em regiões frias, com efeitos comprovadamente benéficos sobre o solo. Ela é recomendada para a conservação de solos e na recuperação e reabilitação de solos degradados, tais como: solos decapitados por terraplanagem, solos alterados pela exploração do xisto betuminoso e pela exploração da bauxita, solos erodidos e área de empréstimo, as margens de reservatórios de hidrelétricas, já que através da deposição de biomassa e de nutrientes, fertiliza o solo (Carvalho, 1994).
Além das utilidades econômicas em produtos madeiráveis, a bracatinga é importante espécie apícola, fornecendo néctar e pólen no inverno e produzindo mel floral rico em glicose, com cristalização muito rápida. A concentração média de açúcar no néctar, encontrada por Pegoraro (1988), para a espécie, foi de 24,16 % e a produção média do mel de 119 Kg/ha. Por florescer em época onde outras espécies ainda não estão floridas, a bracatinga tem papel fundamental no início do desenvolvimento de colônias de Apis para a primavera. O grande aporte de néctar e pólen nas colônias faz com que os favos sejam puxados, as rainhas recebam maior quantidade de geléia real em sua alimentação, culminando com a grande colocação de ovos, que originarão abelhas adultas, que serão o contingente de trabalho das colônias para armazenagem de mel nos favos durante a floração de outras espécies que aparecerão subseqüentemente (Salomé, 2002).

O MEL DE MELATO:

A seiva do floema, que transporta nutrientes para os tecidos de uma planta, é inacessível às abelhas, a menos que ocorra uma superfície ferida, sob pressão de dentro. Alguns insetos sugadores de plantas, pertencentes à ordem Rhynchota, tem partes bucais que podem penetrar as superfícies da planta, e a seiva do floema é, então, arrancada a força através da picada, pela pressão interna, que é reforçada pelo próprio bombeamento do inseto. A seiva passa das partes bucais do inseto para o trato digestivo, por uma ou duas rotas; ou do intestino anterior para o intestino médio(onde é digerido), depois para o intestino posterior (onde é absorvido); ou diretamente do intestino anterior para o intestino posterior, através de câmaras filtradoras, omitindo o intestino médio. Este sistema duplo permite ao inseto dispor de uma grande quantidade de alimento bem diluído – a cada três horas, este pode corresponder ao próprio peso do inseto (ou para larvas jovens, muito mais). O alimento excedente é encontrado em folhas, brotos, etc., em pequenas gotículas, e é conhecido como melato. É coletado por outros insetos, incluindo abelhas e formigas.
O melato difere da seiva do floema em sua composição – e do néctar, que é totalmente de origem vegetal – e o mel de melato tem certas características diferentes do mel de néctar. O melato contem enzimas derivadas de secreções das glândulas salivares e do intestino de insetos sugadores de plantas. A quantidade de nitrogênio no melato (0,2 – 1,0 % da matéria seca) é muito maior do que no néctar, e 70 – 90 % dele situa-se nos aminoácidos e amidos. O melato sempre contem também ácidos orgânicos, especialmente ácido cítrico. Mas, como no néctar, os carbohidratos compreendem 90 – 95 % dos sólidos e, no geral, estes consistem em vários açúcares, freqüentemente incluindo alguns que não estão presentes na seiva do floema, mas que são sintetizados durante a passagem através do inseto pela ação de enzimas do intestino e das glândulas salivares (Crane, 1985).
Várias espécies de homópteros, principalmente os pertencentes às superfamílias Cicadoidea, Psylloidea, Aphidoidea, Aleurodoidea e Coccoidea vivem como parasitas de plantas, sugando a seiva elaborada do floema e excretando um líquido açucarado que se deposita sobre elas, denominado melato. Neste mecanismo há uma participação das formigas que colhem o melato diretamente do animal, estimulando-o a liberar mais. Desta forma, as formigas se alimentam e ao mesmo tempo limpam as colônias de afídeos, possibilitando maior desenvolvimento destas. Já as abelhas coletam o melato depois de depositado sobre as plantas (Barth, 1989).
A conversão de melato de secreção em mel de melato pelas abelhas é reconhecido pelo Codex Alimentarius e seu padrão de controle de qualidade é utilizado em vários países. No Brasil, somente em setembro de 1997, foi publicada a Portaria n° 367 em 04/09/97, do Ministério da Agricultura e Abastecimento, estabelecendo padrões para o mel floral e de melato, baseados na legislação Mercosur/95 (Campos, 1998).
Em Santa Catarina, o melato ocorre com maior freqüência em bracatingais de algumas áreas, abrangendo principalmente as regiões do planalto sul (Bom Retiro, Urubici, Vale do Canoas, Lages, Painel, Bocaina do Sul, São Joaquim), e alto vale do Itajaí (Santa Terezinha). As épocas mais visíveis onde ocorrem grandes secreções são nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril em ciclos bianuais, sendo que o último grande ciclo ocorreu no verão/outono de 2002 (Salomé, 2002). Orth (2000), em coleta de campo no mês de dezembro de 2000, verificou que em bracatingal no município de Bom Retiro, haviam poucos indivíduos adultos de cochonilha secretando melato, porem dentro da carapaça dos insetos adultos mortos, haviam ovos e ninfas de primeiro estágio, confirmando as observações que o ciclo de produção de melato é de dois em 2 anos, sendo que o penúltimo ciclo ocorreu no verão / outono de 2000. O mel proveniente da secreção de insetos que se utilizam do floema da bracatinga é de aspecto escuro; com baixos teores de glicose; sua viscosidade é superior ao mel floral (acima de 19,4 Pa.s); Ph acima de 4,2; valores de condutividade e resíduo mineral fixo mais altos que o mel floral; seu sabor lembra melado de cana, sendo homogêneo (o mesmo desde quando se coloca na boca até o final); apresenta médias mais elevadas de Fe, Mn, Cu, Zn, K, sendo até quatro vezes superior ao mel floral (Campos, 1998 e 1999).
O melato, também conhecido como honeydew, é secretado por cochonilhas que vivem em certas plantas da família Fabaceae (em Santa Catarina). Em certas regiões do Estado de Santa Catarina, a existência desta secreção é bastante acentuada nos bracatingais, chegando a proporcionar boa produção de mel de melato (Wiese, 1984).
Melato é um líquido doce secretado por insetos Hemipteros, especialmente afídeos e coccideos, que se alimentam do floema das plantas. Freqüentemente as abelhas coletam-no e armazenam, e de forma geral é considerado inferior ao mel floral, em sabor e qualidade. Os açúcares de mel de melato armazenado parecem ainda mais complexos que aqueles de mel floral, possivelmente porque no melato armazenado encontram-se envolvidos dois conjuntos de enzimas: os dos insetos sugadores e das abelhas melíferas. Muitos pesquisadores tem estudado os açúcares de melato que são excretados por insetos, utilizando métodos modernos de análises. Há muito tempo se conhece a levulose, a dextrose e a melezitose. Gray e Fraenkel (1953) encontraram erlose (frutomaltose) em vários melatos. Duspiva (1954) encontrou também uma série de açúcares compostos relacionados com a erlose pelo agregado gradual de moléculas de glicose. Bacon e Dickinson (1957) apresentaram evidências que a melezitose – que é comum a muitos melatos – não tem sua origem na planta, como se acreditava anteriormente, e sim que é produzida da sacarose da planta por uma enzima do inseto sugador. A melezitose nunca foi isolada diretamente da fonte de uma planta. Portanto, parece que há ao menos dois tipos de melato: os tipos de melezitose que podem cristalizar rapidamente, depois de armazenado nos favos pelas abelhas, e os tipos de erlose, que não cristaliza, e que caracteriza o melato catarinense proveniente de bracatinga. Leite (2000) procedendo a análises em amostras de meis brasileiros, verificou uma média de valores de melezitose entre 0.21 e 0,37 %, maior que as médias encontradas em outros países (0,03 a 0,06 %).
O mel de melato sempre foi classificado como mel inferior ao floral no mercado interno, por ser pouco atrativo devido a sua cor escura e sabor marcante. Na década de 80, o entreposto de mel e cera de abelhas Colonial de Itajaí – SC, iniciou a exportação do produto para o mercado alemão, sendo que este mel era utilizado por laboratórios para a produção de fármacos. No final do ano 2000, o entreposto de mel e cera de abelhas Minamel Ltda. de Içara - SC, conseguiu exportar para o mercado alemão este mesmo mel a granel a preços convidativos; US $ 1. 400 / t. (um mil e quatrocentos dólares a tonelada); contra US $ 1.100 / t. do mel claro (Puttkammer, 2000).





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


AHRENS, S. Um Modelo Matemático para Volumetria Comercial de Bracatinga (Mimosa scabrella Benth.). In: Seminário sobre Atualidades e Perspectivas Florestais, 4: “ Bracatinga uma Alternativa para Reflorestamento”, 1981, Curitiba. Anais. Curitiba: EMBRAPA – URPFCS, 1981: 77-90. (EMBRAPA – URPFCS. Documentos, 5).

BACON, J. S. D. & DICKINSON , B. The Origin of Melezitose: a Biochemical Relationship between the Lime Tree (Tilia spp.) and Aphis (Eucallipterus tiliae L.). Biochem. J. 1957. 66: 289-297.

BARRICHELLO,L. E. G.; BRITO, J. O. Celulose Sulfato Branqueada de Bracatinga. Brasil Florestal, Brasília, 12 (49): 45 – 50. 1982.

BARTH, O. M. O Pólen Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Luxor , 1989, 150 p.

CAMPOS, G. Melato no Mel e sua Determinação Através de Diferentes Metodologias. Tese de Doutorado. Belo Horizonte: UFMG- Escola de Veterinária, 1998. 178p.

__________ Análise Laboratorial do Mel de Melato da Bracatinga. Informativo Zum-Zum 1999, 288: 12.

CARNEIRO, R. M. et al. Importância da Dormência das Sementes na Regeneração da Bracatinga. Circular Técnica. IPEF, Piracicaba. 1982. (149), set.

CARVALHO, P. E. R. Espécies Florestais Brasileiras: Recomendações Silviculturas, Potencialidades e Uso da Madeira. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. Colombo: EMBRAPA – CNPF. 1994:337-343.

CATHARINO, E. L. M.; CRESTANA, C. S. M.; KAGEYAMA, P. Y. Biologia Floral da Bracatinga (Mimosa scabrella Benta.). In: Anais do Congresso Nacional sobre Essências Nativas. Campos do Jordão.-SP. 1982: 525-531.

CRANE, E. O Livro do Mel. São Paulo. Ed. Nobel. 1983: 51-52.

DUSPIVA, F. Enzymatische Prozesse bei der Honigtaubildung der Aphiden. Verhand. Deut. Zool. Gesel. 1954: 440-447.

GRAY, H. E. & FRAENKEL, G. Fructomaltose, a Recently Discovered Tri- Saccharide Isolated from Honeydew. Science. 1953. 118: 304-305.

JUNIOR, L. L. Bracatinga como Fonte Energética. In: Seminário sobre Atualidades e Perspectivas Florestais, 4: “ Bracatinga uma Alternativa para Reflorestamento”, 1981, Curitiba. Anais. Curitiba: EMBRAPA – URPFCS, 1981: 133-143 (EMBRAPA – URPFCS. Documentos, 5).

KLEIN, R. M. Aspectos Fitossociológicos da Bracatinga (Mimosa scabrella). In: Seminário sobre Atualidades e Perspectivas Florestais, 4: “ Bracatinga uma Alternativa para Reflorestamento”, 1981, Curitiba. Anais. Curitiba: EMBRAPA – URPFCS, 1981: 145-148. (EMBRAPA – URPFCS. Documentos, 5).

LEITE, J. M. da C. et al. Determination of Oligosaccharides in Brazilian Honeys of Different Botanical Origin. Food Chemistry 70 (2000) 93-98.

ORTH, A. I. Professor do Laboratório de Entomologia do Centro de Ciências Agrarias – UFSC. Informação Pessoal. 2000.

PEGORARO, A. Avaliação do Potencial Melífero da Bracatinga. In: Congresso Florestal do Paraná, 2., Curitiba, 1988. Anais dos Resumos. Curitiba: Instituto Florestal do Paraná, 1988: 3.
ECONOMIA APÍCOLA


Atualmente, a racionalização e padronização de manejos e materiais nas colméias são ferramentas fundamentais de diminuição de custos produtivos e maximização da produtividade no campo. A padronização de colméias é peça importante neste contexto, principalmente em se tratando de manter características originais do material e valor comercial compatível. Um dos pontos que mais chama a atenção em se tratando de padronização de colméias diz respeito à espessura dos quadros das sobre caixas para depósito de mel. É fato que, favos mais grossos produzem mais mel que favos mais finos, e que por causa disto o setor industrial vem a algum tempo produzindo para as sobre caixas, carcaças com oito quadros apenas, permitindo a produção de 40% a mais de mel, com a diminuição de dois quadros e conseqüente alteração na espessura dos oito quadros restantes, deixando-os mais largos. Melgueiras baixas que normalmente produzem 10Kg de mel por carcaça com dez quadros, passam a produzir até 14Kg de mel com a utilização de apenas oito quadros, com favos mais largos e células mais profundas. Estes oito quadros, entretanto, são modificados não respeitando as medidas originais Langstroth, de padrão internacional, portanto depreciando significativamente o valor comercial deste material. Além disso, o uso de quadros mais largos nas sobre caixas inviabiliza qualquer manejo relacionado à descida destes favos para o ninho, e subida de quadros do ninho para as sobre caixas (no caso de usar-se ninhos e sobre ninhos). No uso de melgueiras baixas, estas modificações da espessura dos quadros tornam impossível o uso de nove, ou dez quadros nestas carcaças. A primeira solução tentada foi à utilização de dez quadros normais nas sobre caixas e a partir do momento da puxada da cera pelas abelhas, eram retirados dois quadros, administrava-se o espaço proporcional entre os oito quadros restantes na respectiva carcaça para que as abelhas continuassem a alargar os favos. Esta técnica funciona até o momento de transportar os favos de mel para a centrifugação, pois como os favos de cera ultrapassam os limites das molduras de madeira, parte do mel é perdida na carroceria do veículo pelo contato entre os opérculos de favos próximos. Além disso, repartir manualmente e a olho o espaço entre os oito quadros restantes dentro de uma carcaça de sobre caixa é tarefa demorada.
No XXIII Encontro Catarinense de Apicultores, no município de Ituporanga em agosto de 2003, o presidente da Confederação Brasileira de Apicultura Dr. Joail de Abreu, explicou-me como este problema foi resolvido na apicultura dos Estados Unidos. Os quadros das sobre caixas conservam suas medidas originais, e após as abelhas terem dado o início da puxada da cera nos dez quadros, são retirados dois quadros e colocados espaçadores metálicos para separar automaticamente os oito quadros restantes, sendo que os espaços ficam perfeitamente divididos. Desta forma, os favos são alargados horizontalmente, permitindo maior área de armazenamento de mel.
A diminuição de dois favos por cada carcaça de sobre caixa faz com que a cada conjunto de quatro sobre caixas, seja montada uma quinta sobre caixa de oito quadros. A economia relacionada à cera, mão de obra para preparar o material e mão de obra na colheita, desoperculação e centrifugação, e o incremento na produtividade justificam plenamente o investimento nos espaçadores automáticos de quadros.
Além disso, o uso de favos mais largos nas sobre caixas acima da câmara de cria, diminui as chances da rainha subir a esses favos e realizar postura. Pelo fato dos quadros permanecerem fixados dentro de um espaço delimitado, não há chance dos favos com mel se esbarrarem durante o transporte para o processamento, mantendo assim, sua integridade.
Os espaçadores podem ser adquiridos na associação de apicultores de Fraiburgo.


O FORMÃO NA APICULTURA

Tenho trabalhado intensamente com apicultores no Estado de Santa Catarina, nas diferentes regiões e com grupos diferentes entre si; desde apicultores amadores até profissionais. Os treinamentos que realizo nas diversas etapas, desde apicultura básica até reciclagem avançada são ministrados quase que exclusivamente ao nível de campo, pois é ali que o produtor consegue observar e realizar os manejos necessários à melhoria do sistema produtivo. Nestas idas a campo, tenho observado as ferramentas utilizadas pelos produtores para abrirem colméias, que vão desde chaves de fenda até, acreditem, facões. Ferramentas totalmente impróprias ao manuseio e ao trabalho dentro das colméias. Mesmo formões próprios para a atividade, fazem com que o apicultor tenha que segurar os favos com a mão, o que em certos momentos ocupa as duas mãos, impedindo qualquer realização de tarefa simultânea.
Formões para apicultura devem conter no mesmo aparelho o formão e o sacador de quadros. A parte do formão é utilizada para abrir tampas, separar quadros e raspar própolis.
A parte do sacador de quadros funciona para retirar tampas, quadros e sobre caixas, assim como, a devolução dos mesmos sem uso das mãos no contato direto com os materiais.
Alguns aspectos chamam a atenção sobre um destes formões, produzido por Sanderlei Pereira da empresa SAMEL, localizada em Candelária-RS:

-O formão é todo em aço inoxidável (306), que o fabricante prescreve garantia (menos contra perda no campo e roubo).
-O sacador de quadros possui ranhuras que prendem firmemente o material a ser manejado.
- No corpo do formão há pequena fenda para retirada de pregos e grampos.
-O design e a anatomia do formão na mão do apicultor proporciona conforto e principalmente a transferência da força no momento de fechar a mão para as garras do sacador de quadros, podendo o apicultor colher até um sobre ninho inteiro com mel (com oito quadros = ± 29Kg) com uma única mão.
-O apicultor que maneja as colméias sempre está com uma mão livre para executar manejo simultâneo (inclusive segurar e utilizar o fumigador, se estiver trabalhando sozinho).
-O tempo gasto com o trabalho é menor do que trabalhar com ferramenta mais simples e utilizando as duas mãos para retirar e recolocar material.
- Este é um investimento que cabe no bolso do pequeno e médio produtor, pois é para toda vida.
A aquisição da ferramenta pode ser feita diretamente com o fabricante pelo telefone: 0 xx 51 3743-1588