sábado, 31 de março de 2007

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA - James A. Salomé

O processo de extração de mel atualmente realizado no Brasil, dentro da cadeia produtiva da apicultura, define-se como sendo de eficiência parcial. A partir da colheita do mel nos favos e de sua respectiva extração para obtenção do produto final, existem perdas consideráveis em toda a seqüência dentro deste processo, desde a desoperculação, aproveitamento dos opérculos, recuperação da cera, centrifugação dos favos e sua relação com a eficiência final. Esta perda atualmente, através de acompanhamento técnico, dentro dos programas de A.P.L.s e dentro de Programas Setoriais de Apicultura no Estado de Santa Catarina, tem mostrado índices que tem chegado até a 35% de perda de mel, a partir da colheita dos favos, até o resultado final do mel processado. Somente no Estado de Santa Catarina são produzidas 6.000 toneladas de mel anualmente, e com as melhorias nos processos tecnológicos em máquinas e equipamentos para extração e beneficiamento que atinjam eficiência satisfatória, é possível chegar a cifra de produção anual 35% superior, o que corresponde a 2.100 toneladas a mais de mel, somente em Santa Catarina. No Brasil, a eficiência do processo, acrescentará 14.000 toneladas de mel alem das 40.000 toneladas produzidas anualmente no Território Nacional. A deficiência destes equipamentos fez com que fossem tomadas decisões chaves em que focos da extração de mel se faziam mais deficientes, e consequentemente a decisão em construir os equipamentos necessários para o objetivo de aumento de eficiência. Os materiais e equipamentos a serem construídos serão:
Recuperadora de opérculos.
Máquina automática para limpeza de pólen Apícola
Centrífuga de alta rotação para recuperação de opérculos
Centrifuga radial paralela
Centrifuga para recuperação de favos velhos
Faca desoperculadora a quente
Pasteurizador para mel
Alimentador em plástico injetado tipo Dolittle
Escape abelha tipo Porter.
Ocorreu este ano de 2006, em chamada pública realizada pelo FINEP e SEBRAE Nacional, processo de seleção para inovação tecnológica a nível nacional. O SEBRAE-SC participou através de seu setor de agro negócio, com projeto para desenvolvimento de máquinas e materiais. Estão integrados ao projeto, a Escola Técnica Metal Mecânica de Panambi – RS, seis empresas do setor metal mecânico do A.P.L. de Chapecó, e a Cooperativa Apícola de Santa Catarina (parceira do SEBRAE-SC no A.P.L. de Videira). As máquinas a serem desenvolvidas no projeto são inéditas em nível de extração de mel no Brasil, e os protótipos serão desenvolvidos pela escola e SEBRAE-SC, testadas pela cooperativa e produzidas pelas empresas envolvidas no projeto. Após o desenvolvimento dos protótipos e depois que servirem de modelos para as empresas produtoras das máquinas, estas ficarão na sede da cooperativa, podendo ser utilizadas pelos associados de toda a região.
Dentro deste pacote tecnológico, ocorrerão impactos de diferentes naturezas que enumeramos a seguir.

IMPACTO CIENTÍFICO:

O pacote tecnológico apresentado, com sua diversidade de materiais, máquinas e equipamentos, servirá de base para estudos tecnológicos dentro de níveis diferenciados no meio acadêmico, desde graduação, especialização, mestrado e doutorado. Alem das máquinas em si, há possibilidade de trabalhos referentes a eficiência das mesmas nos processos da cadeia produtiva, e sua melhoria nos rendimentos e processos empregados de extração e beneficiamento de mel.
A partir do momento em que houver concretização do projeto, há possibilidade de divulgação do pacote tecnológico na revista de periodicidade bimestral Informativo Apícola Zum Zum, e na revista Mensagem Doce, também de circulação bimestral, e ambas de circulação nacional.
Alem dessas duas revistas que não são indexadas, ocorrerá publicação dos resultados na Revista Agro Pecuária Catarinense, esta é uma revista indexada de publicação da Empresa de Pesquisa e Extensão Rural do Estado de Santa Catarina.
Em encontros regionais de apicultura, congressos estaduais de apicultura, e congresso brasileiro de apicultura serão apresentados o resultado do trabalho, assim como, as máquinas pertencentes ao projeto.


IMPACTO TECNOLÓGICO:

Os equipamentos e materiais que surgirão a partir dos esforços conjuntos entre os executores, especialistas e empresas serão classificados de alta eficiência em rendimento.
Os processos que acompanharão as máquinas e equipamentos serão inovadores para a cadeia produtiva na apicultura brasileira.
Utilização de tecnologia de ponta a nível mundial.
Será possível a obtenção de patentes em pelo menos algumas das máquinas e equipamentos a serem desenvolvidos.

IMPACTO ECONÔMICO
Diversificação da produção de máquinas nas empresas envolvidas no projeto.
Captação de mais mão de obra para a produção dessas máquinas, significando aumento do índice de empregos.
Geração de impostos com a comercialização destas máquinas dentro do Brasil e para exportação.
Redução de gastos nos processos de extração de mel.
Eficiência no processo de extração de mel, denotando maiores índices de rendimento em produto final.
Aumento de rentabilidade em até 35% em produtividade de mel extraído, aumentando significativamente a renda do produtor.
Alem do mel, há maior rentabilidade nos processos de recuperação de cera de abelhas, produto ainda escasso, por falta de adequação de manipulação, que apresenta alto valor comercial.

IMPACTO SOCIAL

Melhoria do processo produtivo, que trará a organização do produtor para trabalhar em associação, núcleo, grupo e cooperativa.
Um processo tecnológico, como o proposto, pode incrementar os índices de adesão à atividade de pequenos produtores rurais.
Com maior rendimento pós colheita, a renda do produtor melhorará significativamente.
O aumento de renda gerado pela eficiência do processo, naturalmente será traduzido em melhoria do nível de vida daqueles produtores já enquadrados na atividade.

IMPACTO AMBIENTAL

A atividade apicultura se caracteriza pela sustentabilidade, pois não há derrubada de formações vegetais nativas para sua implantação. Pelo contrário, é desejável a permanência dessas formações para a produção de matéria prima para a produção de néctar, que se transformará em mel nas colméias.
A abelha auxilia na polinização das flores da mata nativa, e consequentemente no aumento de diversidade biológica, em se tratando de fluxo gênico.
Auxilio, através de fluxo gênico em manter a biodiversidade local e regional, através do aparecimento de indivíduos com resistência a vários critérios de adversidade ambiental.
Para a atividade ser lucrativa é necessário o pasto com flores, que pode ser im plementado e formado com espécies ricas em néctar da mata nativa. Essa formação de pasto para as abelhas, faz aumentar produtividade e recuperar áreas degradadas.
A formação de pasto específico, nativo, rico em néctar, pode ser implantado no caso de matas ciliares, áreas que sofreram forte erosão de solo, e que certamente atrairá não só abelhas, mas a fauna regional.

Já há estudos científicos sobre quais espécies nativas devem ser incluídas nesse item, respeitando características de clima e solos regionais.
As melhores formações vegetais para a produção de néctar, são aquelas consideradas até o estágio de Capoeirão e de Floresta Secundária. É nesse estágio de desenvolvimento da Floresta em direção a mata primária, que acontece a derrubada para implantação de campos de pecuária e agricultura, pois essa madeira é considerada de baixo valor comercial. A apicultura se enquadra de modo perfeito nesse processo, por ser uma atividade com rentabilidade econômica e de manutenção dos recursos ambientais locais.

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